Na mesa 2 da Flink, os autores Esmeralda Ribeiro, Eliana Alves Cruz, Jeferson Tenório e Valéria Lourenço falaram sobre a literatura de autoria negra no Brasil. A mediação foi de Tom Farias.
“Eu acredito que nossa literatura de autoria negra, afro-brasileira, está bem representada. O homenageado da FlinkSampa, Lima Barreto, faz parte disso, ele, Carolina [Maria de Jesus], Maria Firmina dos Reis, eles que construíram essa literatura autoral. Eles já tinham um olhar para a questão racial”, disse a escritora Esmeralda Ribeiro. Ela também destaca a importância de pequenas editoras, que formam um quilombo literário, que fazem com que os autores negros consigam publicar de forma mais rápida. “Nosso quilombo encoraja que tiremos nossos textos da gaveta”.
Em consonância, Eliana Alves Cruz aponta a coletividade como fator determinante. “É um caminho sem volta. Essas veredas que foram abertas lá atrás, graças a eles nós estamos aqui. Alguém abriu um caminho pra mim. Isso é muito bonito, muito negro, muito africano, muito brasileiro”, disse.
O mediador Tom Farias compara como uma caminhada em uma estrada escura. “É como se alguém fornecesse uma luz e ela também vai evoluindo com o tempo”.
Mercado editorial
Outro aspecto tratado foi o mercado editorial brasileiro e o acesso à leitura. “É importante que a gente tenha um público leitor negro, porque é isso que causa uma demanda nas editoras. É um leitor negro organizado que pede outras narrativas”, afirmou o escritor Jeferson Tenório.
Valéria Lourenço é um exemplo dessa importância. A escritora e professora não teve livros em casa e foi se encontrar com a literatura somente na universidade. “Eu, hoje, como professora do Ensino Médio, eu tenho quase a obrigação de levar esses escritores para os meus alunos. Também ter esse movimento, de leitura”.