Na tarde ensolarada de domingo (17/11) o público participou atentamente do segundo dia de debates literários da FLINKSAMPA – Festa Internacional do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra, promovida pela Universidade Zumbi dos Palmares no Sesc Pompeia. O evento tem como patrono o herói Zumbi dos Palmares e faz parte da programação da 7ª Virada da Consciência 2024 que ocorre de 16 a 20 de novembro em vários pontos da cidade de São Paulo. A curadoria da FLINKSAMPA é de Guiomar de Grammont, escritora, dramaturga e professora da Universidade Federal de Ouro Preto. No Campus da Universidade Zumbi dos Palmares a co-curadoria ficou por conta de Claudio Marques da Silva, Renan Wrangler, Odair Marques da Silva e Jorge Felizardo.
A primeira mesa de debates, deste domingo, se chama Racismo Algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas redes digitais e contou com os convidados Tarcízio Silva – mestre em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutorando em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC – e Douglas Calixto – jornalista, pesquisador, educomunicador, mestre e doutor em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). A mesa teve mediação de Jefferson Alves de Lima, jornalista e mestre em Comunicação e Semiótica.
Os autores e o público debateram sobre o reconhecimento facial, filtros para selfies, moderação de conteúdo, chatbots, policiamento preditivo e escore de crédito são apenas algumas das aplicações que usam sistemas de inteligência artificial na atualidade. Autor do livro Racismo Algorítmico – inteligência artificial e discriminação nas redes digitais (Edições Sesc), Tarcízio Silva chama a atenção para a questão da violência racial e artificial.
“As plataformas de mídias sociais, como o Facebook, o Twitter, o Instagram etc., literalmente ganham dinheiro através do conteúdo que a gente produz, de conteúdos postados. Esse conteúdo gera visualizações, que gera atenção. O uso das plataformas também gera dados que permitem que esses sistemas sejam mais eficientes para a publicidade. Então é possível fazer uma educação avançada desses temas com os alunos. É possível fazer uma abordagem científica por meio de um programa de educação. Relacionar, estudar, analisar os problemas de moderação de conteúdo e de moderação de violência homogênea. Afinal de contas, estamos em um ambiente digital e neste ambiente há ofensas racistas” explica Tarcízio Silva.
Na sequência, Douglas Calixto ressaltou que o assunto sobre os algorítmicos, na visão dele, é fundamental. E ele traz a questão para bem próximo para o dia a dia de cada um. “Não estou falando de uma administração lá da Califórnia, do Vale do Silício, onde as grandes corporações estão sediadas. “Estou falando da nossa vida, de como a gente organiza as nossas relações, o futuro das novas gerações. A minha tese chama O avesso do algoritmo justamente por essa ideia. Não estou interessado nos cálculos, nas tecnologias que vem geralmente do norte global. O meu interesse é saber qual é a influência e a dinâmica dos algoritmos no nosso cotidiano. As tecnologias estão mudando as formas como a gente se relaciona, como a gente interage, como a gente pensa com o mundo”, enaltece Douglas Calixto.