Às vésperas de completar 100 anos da morte de Lima Barreto e dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, a mesa de abertura “Lima Barreto: o escritor do povo” discutiu como o escritor era visto em vida e sua importância para a literatura brasileira.
“É um pré-modernista, mas talvez seja um modernista mais avançado que todos eles”, comentou o curador da Flink e mediador da mesa, Tom Farias.
O escritor Oswaldo de Camargo destacou um trecho do livro “Diário Íntimo” e chamou a atenção para a falta de leitura da obra de Lima Barreto. “A arte só ama a quem a ama inteiramente, só e unicamente, e eu precisava amá-la porque ela representava não só a minha redenção, mas toda a dos meus irmãos na mesma dor”, citou. “É um autor assombroso, é um autor que para nós que perseguimos uma literatura que se pretende negra, eu sou um deles, o Lima Barreto deveria ser, de fato, o grande farol para iluminar o texto. Um romancista social”, disse.
Já a historiadora Angélica Ferrarez confirmou que Lima era um modernista muito antes do movimento paulista. “Ele estava costurando a cidade de tal maneira que talvez os modernistas nem dessem conta naquele momento. Ele estava vivendo o modernismo fora de qualquer padrão estético. Está rasgando a cidade pela linha do trem”, afirmou.
As comparações com o escritor Machado de Assis são inevitáveis. Os dois autores eram contemporâneos e negros, o que faz refletir sobre o colorismo. Como disse o escritor Oswaldo Faustino, Lima era “um cara do povo, não tinha as vantagens do mulatismo, antecipou em 100 anos o movimento [atual] da periferia, da literatura periférica”.
A Flink continua hoje e amanhã, 18 e 19 de novembro, com mais 3 mesas. Confira a programação completa aqui.