Mediado pela pesquisadora e jornalista Maitê Freitas, painel sobre a vida e a obra da homenageada desta edição reuniu Leonardo Bruno, jornalista e autor da peça na Palma da Mão, e Fernanda Martins, antropóloga e autora do livro A Filha da Dona Lecy
Neste primeiro dia de 13ª FlinkSampa – Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra, que acontece até este domingo (16) no Sesc Pompéia, em São Paulo, das 11h às 18h, a grande homenageada desta edição, Leci Brandão, inspirou o painel Homenagem, que apresentou uma seleção de histórias que ilustram a sua grandeza.
Com mediação da pesquisadora e jornalista Maitê Freitas, a conversa sobre a vida e a obra de Leci Brandão contou com a participação de duas pessoas especialistas na trajetória da artista: Leonardo Bruno, jornalista e autor da peça na Palma da Mão, e Fernanda Martins, antropóloga e autora do livro A Filha da Dona Lecy.
A Leci é uma grande estrela que abriu caminhos, apontou Leonardo. “Ela começa a ficar conhecida no Rio de Janeiro, no mundo do samba e na imprensa em 1972, quando se torna a primeira mulher a entrar para a Ala de Compositores da Escola Estação Primeira de Mangueira. Ela ainda não tinha uma carreira como cantora. Isso a fez ficar conhecida a ponto de atrair a atenção das gravadoras”.
Leonardo ressaltou que Leci Brandão compôs uma obra que olha para os marginalizados. “Ela cantou os pretos, os pobres, os sambistas, os indígenas, os gays, os periféricos. Ela sempre teve uma conexão muito forte com o povo. A sua vida é uma história linda de coerência. Assim como Iansã trocou de pele e se transformou para lutar as mesmas lutas, Leci se transformou em deputada estadual para continuar lutando as mesmas lutas”.
Fernanda destacou que foi por causa do amor que ela se tornou compositora. “Em Leci, a construção do amor é muito singular, ele é atravessado pelas pautas políticas. Ela me disse: o amor é uma coisa boa, constrói. A paixão não, ela desestabiliza. Foque no amor, no que vai fazer construir”, recordou a biógrafa da artista, que reverencia o amor de Leci pela educação e pelos jovens.
“O Brasil que nasce da obra de Leci pensa na equidade de gênero e equidade racial. Ela é tantas coisas para tantas pessoas sem que se colasse nesse lugar. É inspiração para jovens, mulheres negras feministas, indígenas… É esse Brasil que vai colocar na mesma sala o público da multiplicidade, reverenciando a diversidade. Leci vislumbra um Brasil que a gente ainda não alcançou. Ela é uma luz”, sublinhou Fernanda.