13ª FlinkSampa é aberta com Coletivo Caiás de Escritores e Escritoras Negros e Negras

No Sesc Pompéia, mesa inaugural da Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra reuniu Jorge Luís Felizardo dos Santos, Conceição Rosa, Edna Pessanha, Mariana Vilela e Viviane Onítàn

A 13ª FlinkSampa – Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra – que acontece no Sesc Pompéia nestes sábado (15) e domingo (15) como parte da 8ª Virada da Consciência, foi inaugurada na manhã deste sábado (15) com uma apresentação inspiradora e emocionante do coletivo Caiás de Escritores e Escritoras Negros e Negras, vinculado ao CEPRacial da Universidade Zumbi dos Palmares.

A primeira mesa do dia foi protagonizada pelo diretor de escola, educador e professor Jorge Luís Felizardo dos Santos; pela professora, escritora e artista plástica Conceição Rosa; pela jornalista, escritora, fundadora e diretora da Editora kriô Comics, Edna Pessanha; pela jornalista e escritora Mariana Vilela; e pela contadora de histórias e escritora Viviane Onítàn.

Felizardo iniciou o encontro ressaltando a importância da 13ª FlinkSampa para o fortalecimento da cultura negra. “É muito importante estarmos aqui com a participação de um coletivo formado por escritores, jornalistas e contadores de histórias que agrega pensamentos. A literatura negra é potente para dar voz aos nossos personagens e a nós mesmos. Essa oportunidade de voz nos foi cerceada durante muito tempo. Aqui temos voz e vez”.

Conceição explicou que Caiás é um nome iorubá que significa a felicidade bateu à sua porta. “E a felicidade bateu em cada uma de nós deste coletivo literário e nos fortaleceu para seguir produzindo e compartilhando saberes. Hoje me encontro fazendo histórias e formação com professores. É muito importante fazer parte desse coletivo”, apontou Conceição.

Edna destacou o poder da coletividade e da representatividade. “Ela é muito importante para as pessoas negras se reconhecerem como personagens. A arte é um espelho”, disse ela, que é autora da HQ infantil Caos Primordial, protagonizada pelo Mano K, super-herói negro da periferia.

Mariana Vilela também apontou como essencial o ato de caminhar juntos. “É muito importante nos abraçarmos e nos unirmos em um tempo com tanto individualismo. No coletivo temos a potência de escritores de diferentes áreas: editoras, professoras, educadores que fazem trabalhos maravilhosos de resgates de histórias, brincadeiras e brinquedos africanos”, disse a autora do livro Compulsão de Clarice, obra que tem a relação interracial como tema central.

A educadora Viviane Onítàn, contadora de histórias de Orixás, lembrou que a palavra, a fala, a oralidade e a escrita bateram à sua porta para abrir caminhos e ocupar espaços. “Era para ser uma pessoa predestinada a ser mãe solteira dentro de um contexto de violência. A palavra tem força. Podemos fazer o nosso próprio destino”, encorajou ela, que se prepara para lançar o seu primeiro livro em 2026.

Além de celebrar a arte do encontros e o poder transformador do conhecimento, o coletivo literário Caiás também destacou na FlinkSampa a importância da educação e de políticas que visibilizem na prática os povos negros e indígenas. “Não podemos permitir que o racismo e a hierarquização por raças possam compor uma sociedade formada pelos diferentes”, enfatizou Felizardo, autor do livro Lord & Lis, protagonizado por dois irmãos órfãos que precisam superar o racismo no ambiente escolar. “A educação antirracista é uma ferramenta de transformação”, sublinhou Viviane.

“A criança negra, quando tem acesso à educação e material que fale de sua cor, cultura e ancestrais, ela adquire um amor-próprio, uma autoestima e força de personalidade muito grande, principalmente as crianças periféricas e pobres. É muito importante a criança se ver na história de sua raça, de sua etnia. Quando forem jovens e adolescentes, vão tratar dessas questões mais fortalecidos quando têm educação antirracistas”, ensinou Edna.

A primeira mesa desta 13ª FlinkSampa também abordou a lei 11.645, que tornou obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio. O coletivo Caiás enfatizou que a lei precisa ser expandida na prática nas escolas públicas e privadas, algo que é fundamental para o Brasil alcançar a democracia racial e social no Brasil.

Parte integrante da 8ª Virada da Consciência, realizada em São Paulo pela Universidade Zumbi dos Palmares de 15 a 20 de novembro, a 13ª FlinkSampa acontece nestes sábado (15) e domingo (16) no Sesc Pompéia, das 11h às 18h, e presta homenagem a Leci Brandão.

O evento reúne painéis, debates, lançamentos e feira com editoras que revelam a diversa e rica produção artística e literária de escritores e intelectuais negros nas diversas áreas do conhecimento.

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