Programação Literária

A comunidade negra brasileira, depois de muito esforço, conseguiu transformar Zumbi dos Palmares em Herói Nacional. Este ano teremos o primeiro feriado nacional em homenagem ao líder do maior quilombo do Brasil – Palmares. Símbolo da defesa dos ideais do movimento negro na luta pela liberdade e igualdade no Brasil e considerado um dos mais importantes líderes de nossa história, Zumbi governou o maior quilombo do país, defendendo a liberdade de culto religioso e a prática das culturas africanas no país no século XVIII.

O feriado é um grande passo para os brasileiros, uma vez que no Brasil impera um racismo estrutural que precisa ser combatido. Agora, é preciso que a sociedade brasileira faça um esforço para desconstruir a imagem de Zumbi, de marginal para herói, no imaginário da população, com uma narrativa de transformação social. Como construir uma nova história com um expressivo valor sociológico, filosófico, político? Esse é o tema principal que será debatido na FlinkSampa – Festa Internacional do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra, evento que faz parte da Virada da Consciência, realizada pela Universidade Zumbi dos Palmares.

A FlinkSampa acontecerá dias 16 e 17 de novembro, no Sesc Pompéia, parceiro da Virada da Consciência.

Dia 16 de novembro  – Sábado

14h

Abertura: Reitor José Vicente, autoridas

Lançamento do livro “20 anos da Universidade Zumbi dos Palmares”

14h30

Mesa 1: “De Zumbi a Luiz Gama: Lutas pela Liberdade”

Participantes: Flavio dos Santos Gomes, Ligia Ferreira

Mediação: Dulci Lima

A mesa busca traçar um paralelo entre esses dois grandes símbolos da luta pela liberdade dos escravos no Brasil: Zumbi dos Palmares e Luiz Gama.
Nesse debate, conheceremos melhor a história da constituição do Quilombo dos Palmares, que chegou a reunir cerca de 30 mil pessoas em torno da liderança de Zumbi. Esse herói, sucumbiu na defesa do quilombo e tornou referência na luta contra a opressão que ainda atinge os negros no Brasil. Da mesma forma, no século XIX, o escritor, jornalista e advogado Luiz Gama, abolicionista autodidata, filho de uma escrava, atuou contra o silêncio e a ignorância impostos aos negros e escravizados. Gama foi um homem plural, de inúmeras facetas, hábil comunicador que fez do domínio da palavra a arma para a defesa das liberdades individuais.

 

16h30

Mesa 2: A Educação Antirracista no Brasil

Participantes: Edilson Dias de Moura, Reitor José Vicente

Mediação: Edson Cruz

Autor de “GRACILIANO: romancista, homem público, antirracista”, Edilson Dias de Moura mostra que, além de grande romancista, Graciliano Ramos foi um administrador de viés progressista, com ações no campo da educação voltadas ao acesso de crianças negras à escola pública, à profissionalização do magistério, à promoção de professoras negras a cargos diretivos e à distribuição de merenda, por exemplo, iniciativas essas que acabaram por desagradar a muitos e estão no cerne de sua prisão arbitrária em 1936. Da mesma forma, a Universidade Zumbi dos Palmares, a única do Brasil voltada para a educação de jovens e adultos negros, ainda que aberta a alunos de todas as etnias, promove além da educação, atividades culturais e de cidadania.

 

 

Dia 17 de novembro  – Domingo

14h00

Mesa 4: Racismo Algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas
redes digitais

Participantes: Tarcísio Silva e Douglas Calixto

Mediação: Jefferson Alves de Lima

Reconhecimento facial, filtros para selfies, moderação de conteúdo, chatbots, policiamento preditivo e escore de crédito são apenas algumas das aplicações que usam sistemas de inteligência artificial na atualidade.
Mas o que acontece quando as máquinas e programas apresentam resultados discriminatórios? Seriam “racistas” os algoritmos? O que podemos fazer para combater os impactos tóxicos e racistas de tecnologias que automatizam o preconceito? Apoiado em autores de referência e exemplos práticos sobre a incorporação de hierarquias raciais nas tecnologias digitais, o pesquisador e mestre em Comunicação Tarcísio Silva, reflete sobre o poder de decidir dos algoritmos, chamando atenção para os perigos do seu potencial discriminatório.

 

15h30

Mesa 5: Literatura Negra e Literatura Periférica no Brasil 

Participantes: Cidinha da Silva,  Paulo Lins e Oswaldo de Camargo

Mediação: André Augusto Dias

O percurso das literaturas negra e periférica a partir dos anos 1960 enfrentou questionamentos, barreiras, invisibilidade, oposição, pouca valoração. Mas, ao negarem o que sempre lhes fora naturalizado no senso comum e na história social do país, escritores, ativistas e intelectuais negros e periféricos abriram, com enfrentamento e resistência, um espaço incontestável na história da literatura brasileira. Isso pode ser observado no reconhecimento que o presente, por fim, confere a nomes como Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e outros autores negros da atualidade, como alguns destes, que participam desta conversa, hoje celebrados, premiados, e estudados. Da mesma forma, será abordado também o importante papel que desempenham as livrarias e editoras dedicadas à literatura negra.

17h30

Mesa 6: Memória, Identidade e Resistência na Literatura

Participantes: Elisa Lucinda, Eliana Alves Cruz e Teresa Cárdenas.

Mediação: Estevão Ribeiro

A mesa apresentará histórias presentes nas obras das autoras relacionadas com a recomposição da identidade e o empoderamento das mulheres negras em todo o mundo. No passado, a violência da diáspora arrancou os negros de suas terras, de seus laços culturais e sociais, para serem submetidos às línguas e culturas dos povos colonizadores, hoje, as guerras e a busca de melhores condições de vida provocam novos deslocamentos
territoriais. Porém, ao contrário do que se poderia imaginar, esses movimentos servem como mola propulsora para criar mitologias que ressignificam o imaginário das mulheres negras na literatura de diversos países, do Brasil, Africa e América Latina.

 

 

 

 

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